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Montadoras: Grandes desafios

Montadoras: Grandes desafios

No balanço dos cinco primeiros meses do ano, associação das montadoras revelou números que traduzem o impacto da pandemia de coronavírus sobre o mercado automotivo

Com pouco mais de 62 mil veículos licenciados, o mês de maio de 2020 teve o pior resultado desde 1992. Esse foi um dos resultados apresentados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) no balanço de fechamento dos cinco primeiros meses do ano. Em relação ao mesmo mês de 2019, a queda foi de quase 75%. Segundo o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, o segundo trimestre deste ano, por ter sido o mais prejudicado pelas medidas de isolamento social, deve ser registrado como um dos piores da história da indústria automotiva brasileira.
A boa notícia, no entanto, é que em relação a abril houve uma ligeira melhora, já por conta de fenômenos como a venda online de veículos e a contribuição do agronegócio e de setores da linha pesada. Estes dois últimos estão diretamente ligados a atividades essenciais, como alimentação e transporte, que continuaram tendo demanda mesmo com a pandemia. O segmento de máquinas agrícolas, por exemplo – apesar de em números absolutos não ser muito expressivo – registrou alta de 61%, em maio, em relação ao mês anterior.
Os resultados do ano obrigaram a Anfavea a rever suas previsões para o ano, que prometia ser de recuperação mas foi duramente afetado pela pandemia de coronavírus. Em relação ao crescimento do mercado de veículos de passeio, por exemplo, a projeção era de crescimento de 9%, mas o número mudou e agora a expectativa é de uma queda de cerca de 40% (veja quadro).
A Anfavea apresentou, também um comparativo do mês de maio considerando o Brasil e outros importantes mercados automobilísticos no mundo. Em todos, por causa da pandemia de coronavírus, houve queda substancial. Um aspecto que chama a atenção, no entanto, é que o mercado brasileiro apresentou o pior percentual. Apenas a Espanha, com -73%, teve um resultado quase tão ruim. Na Argentina, por exemplo, a queda foi de 43% – quase a metade do índice brasileiro.
Entre as boas notícias, a Anfavea informou que, por enquanto, mediante vários acordos firmados entre as empresas e os trabalhadores, não houve demissões no setor. A expectativa é de que, com a retomada gradativa da produção e o apoio do Governo Federal através de financiamentos, os números de emprego possam ser mantidos. Para isso, a Anfavea está negociando linhas de crédito para os bancos das montadoras, para as fábricas e para os fornecedores de autopeças. A expectativa é de que os acordos sejam firmados no segundo semestre deste ano.
Um dilema que tem sido enfrentado pelas montadoras é que mesmo em um cenário de forte recessão, está havendo aumento de preços de alguns modelos. Segundo Luiz Carlos Moraes, isso acontece porque a produção dos veículos envolve muitos componentes importados e o dólar teve uma alta bastante expressiva ao longo do ano, deixando as empresas sem alternativa a não ser repassar os custos.
A expectativa da entidade, caso as condições esperadas se concretizem, é de recuperação parcial do impacto causado pelas medidas de combate à pandemia no segundo semestre do ano, com retomada de produção em todas as fábricas e a volta das vendas de veículos leves. Isso deve se dar não só através do funcionamento das concessionárias, mas também através das vendas online, nas quais muitas montadoras estão investindo para aprimorar o atendimento.